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Plano de aula interdisciplinar- Os ciclos econômicos do Brasil a partir da obra de Portinari.


PROPOSTA DE ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR (HISTÓRIA, GEOGRAFIA E ARTES) PARA O 7º DO ENSINO FUNDAMENTAL

JUSTIFICATIVA:


Por compreender a arte como ferramenta para a reflexão de individualidades e coletividades, essa sequência didática foi desenvolvida com o objetivo de, a partir das obras do artista brasileiro Cândido Portinari, levar o aluno a analisar o recorte histórico do período colonial pelo viés artístico retratado nos quadros apresentados.

Portinari, através de seu olhar, representou as inúmeras atividades econômicas na época do Brasil Colônia, registrando momentos cruciais para a compreensão da história do país e seu desenvolvimento enquanto território.

Sendo assim, a utilização dos quadros de Portinari analisados através do olhar da Arte como fonte histórica, dialogando também com o componente curricular de História, busca ampliar o olhar dos estudantes tanto para a potência artística de um quadro, tanto para o registro histórico de uma época.



UNIDADE TEMÁTICA:

Os ciclos econômicos do Brasil e a formação do território nacional a partir da obra de Cândido Portinari.


OBJETOS DE CONHECIMENTO:

  • Ciclos econômicos do Brasil;

  • Formação do território nacional;

  • Obras de arte de Cândido Portinari.


HABILIDADES:

  • Identificar e apreciar desenho, pintura, fotografia e vídeo como modalidades das artes visuais tradicionais e contemporâneas presentes na cultura brasileira e de outros países, cultivando a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético;

  • Explorar e reconhecer elementos constitutivos do desenho, da pintura, da fotografia e do vídeo em suas produções;

  • Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais;

  • Identificar a partir de documentos visuais e escritos as principais características das sociedades indígenas da América, em especial seus aportes tecnológicos, culturais e sociais;

  • Identificar a importância das fontes históricas para a produção do saber histórico e analisar o significado das fontes que originaram determinadas formas de registro em sociedades e épocas distintas;

  • Descrever elementos constitutivos das paisagens e comparar as modificações nos lugares de vivência e os usos desses lugares em diferentes tempos;

  • Analisar as divisões regionais do IBGE e outras propostas de regionalização tais como: os Complexos Regionais ou Regiões Geoeconômicas e descrever as características culturais, econômicas, naturais, políticas e sociais de cada região brasileira;

  • Descrever elementos constitutivos das paisagens e comparar as modificações nos lugares de vivência e os usos desses lugares em diferentes tempos.


OBJETIVOS:


  • Analisar obras de arte na perspectiva de fontes históricas;

  • Interpretar as intenções objetivas e subjetivas das obras apresentadas;

  • Refletir sobre os recursos utilizados pelo autor na construção das obras;

  • Compreender o processo de territorialização do país a partir dos quadros;

  • Desenvolver a sensibilidade, a curiosidade e o gosto pela arte.


METODOLOGIA:


O desenvolvimento da sequência didática é proposto para que seja efetivado durante as aulas expositivas de Arte, História e Geografia. As análises dos quadros, atividade central proposta, serão direcionadas pelos discentes responsáveis por cada componente curricular.

A proposta pedagógica será descrita abaixo por componente curricular apresentando suas bases teóricas e práticas.

ARTE:

No ensino de Arte, a proposta é desenvolver a capacidade de análise das subjetividades nas obras artísticas. Apresentar aos alunos as noções de cores, sombras, expressões e traços para que a obra faça sentido e seja compreendida como um retrato de um recorte coletivo, mas, principalmente para que seja observada a partir do olhar individual de cada estudante.


HISTÓRIA:

Na perspectiva histórica, o trabalho a ser desenvolvido é a apresentação visual de um período histórico distante do momento presente, como forma de auxiliar na compreensão sobre o período colonial. Além disso, os quadros de Portinari serão analisados como fontes históricas, uma vez que retratam, a partir do olhar do artista, os diversos ciclos econômicos, eixo temático central dessa sequência didática.


GEOGRAFIA:

No componente curricular de Geografia, a discussão teórica das obras a serem apresentadas está relacionada a reflexão sobre a importância dos ciclos econômicos não apenas para o desenvolvimento da colônia, mas como uso e ocupação do espaço, bem como as relações de trabalho instauradas e suas implicações no território geográfico brasileiro.


ESTRATÉGIAS E RECURSOS:

1º Momento: Contextualização do tema abordado (ciclos econômicos e formação do território nacional).


2º Momento: Apresentação das telas do artista, propondo questionamentos sobre o autor e conhecimentos prévios sobre o artista e suas obras.


3º Momento: Organização dos alunos em duplas com objetivo de pesquisarem sobre a biografia de Portinari.


4º Momento: Análise das obras mediadas pelo professor e discussão sobre a importância social das pinturas e sua contribuição para o movimento artístico brasileiro.


5º Momento: Atividades, apresentação modelo de “audiodescrição” sobre uma obra de arte. Após a explicação da proposta, dividir a turma em grupos de 3 a 4 alunos e sugerir que escolham uma das obras apresentadas para realizarem sua própria audiodescrição através de seus celulares para desenvolver a tarefa.

Exemplo disponível em: https://youtu.be/i_b8XAKch64 (acesso em 17/12/2021).


TEMPO ESTIMADO PARA CONCLUSÃO DESTA SEQUÊNCIA DIDÁTICA:

Espera-se concluir esta sequência didática entre 3 / 4 aulas, a depender do desenvolvimento das turmas e do planejamento entre os professores das disciplinas mencionadas.


CONTEXTO:


OS ARQUIPÉLAGOS ECONÔMICOS: A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO A PARTIR DOS CICLOS ECONÔMICOS


Para compreender a organização do território brasileiro, é fundamental saber qual a definição de território. O território é definido como qualquer espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder.

O território do Brasileiro foi sendo desenhado através da delimitação de suas fronteiras, até chegarmos à configuração atual. Nesse sentido, vamos entender como que os diversos ciclos econômicos foram fundamentais para o processo de ocupação e expansão do território brasileiro. O mapa abaixo apresenta a ocupação e organização do território nacional a partir dos diversos ciclos econômicos, também conhecidos como arquipélagos econômicos.




Ciclo do Pau-Brasil (1500 - 1532)

O pau-brasil foi a principal atividade econômica durante o período pré-colonial, entre os anos de 1500 e 1532. Foi, portanto, o primeiro desde a chegada dos Portugueses, que buscavam, na época, por metais preciosos onde encontravam novos territórios.

Em terras brasileiras, entretanto, descobriram a importância da árvore usada para tingir tecidos e que, ainda, possuía valores bem altos de comercialização no mercado europeu. Foi realizada uma negociação com os índios a partir do escambo, trocando objetos e armas que os índios não conheciam pelo serviço de corte e transporte da madeira.

Essa troca, entretanto, ocorreu somente no início, pois em seguida os portugueses escravizaram os índios, objetivando lucros ainda maiores. A madeira passou a apresentar sinais de extinção pela intensa exploração, dando fim ao ciclo do pau-brasil.


PORTINARI, Cândido. Obra: Pau-Brasil (1938)



Ciclo das drogas do sertão (XVI e XVII)

As drogas do sertão começam a ser cultivadas e apresentar elevado valor econômico durante a época das “Entradas e Bandeiras”, expedições de desbravamento com finalidades estratégicas e econômicas, as quais foram responsáveis pela conquista e expansão do território brasileiro. Os bandeirantes (ou sertanistas) eram os responsáveis pela conquista e buscavam metais e pedras preciosas na colônia, com o intuito de enriquecer o mercado consumidor estrangeiro.

Foi a partir daí, que as chamadas “drogas do sertão” passaram a ter um caráter econômico muito importante, propiciando a ocupação da região norte e nordeste do país. Assim, após a exploração do pau-brasil, a cana passou a ser um dos produtos mais importantes ao lado das drogas do sertão. Essas especiarias (urucum, cacau, guaraná, cravo, canela, castanha, pimenta, baunilha, etc.) cultivadas no nordeste brasileiro foram uma das principais fontes de renda para a Coroa Portuguesa, que na época, buscavam maneira de enriquecer.

Nessa época, a região do Amazonas foi muito explorada pelos portugueses e propulsionada pela invasão de alguns povos europeus que tentavam conquistar o território e encontrar outras riquezas: franceses, ingleses, espanhóis e holandeses.

Diante disso, os portugueses conseguiram expulsar os povos invasores e com um tipo de colonialismo denominado de “Colônia de Exploração” eles focaram na busca de lucro e na expansão do mercado financeiro.

A partir do século XVII, o foco de enriquecimento dos portugueses era a plantação da cana e a criação dos engenhos de açúcar pelo país. Esse período ficou conhecido como ciclo da cana-de-açúcar.



PORTINARI, Cândido. Obra: Cacau (1938)



Ciclo da cana-de-açúcar (1532 – 1750)

Com o fim do ciclo do pau-brasil e das drogas do sertão, percebeu-se que o açúcar também apresentava um valor intenso, tal como o pau-brasil, no mercado europeu, criando-se, assim, o segundo dos principais ciclos econômicos.

O ciclo se desenvolveu durante o Brasil colonial, e foi bastante aproveitada, pois além de encontrarem a planta no país, os portugueses já apresentavam técnicas de plantio, uma vez que já vinham produzindo a cana-de-açúcar em outros territórios.


PORTINARI, Cândido. Obra: Cana (1938)


Ciclo do Ouro (1700 – 1810)

Passado algum tempo, os portugueses encontram diversas jazidas de mineral por volta do final do século XVII, principalmente em Minas Gerais. A partir disso, começam as explorações das jazidas de ouro em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, alcançando o auge do seu ciclo durante o século XVIII.

Esse ciclo foi o auge da economia colonial, fazendo com que os portugueses passassem a investir mais na extração do minério, acreditando que seria a estabilidade econômica, visto que vinham sofrendo com a concorrência mundial na venda de açúcar. A metrópole teve uma geração bastante intensa de riquezas, e enviava todo o ouro para a Europa. A população no Brasil teve um crescimento drástico durante esse período, mas o ciclo chega ao fim na segunda metade do século XVIII em decorrência do esgotamento das minas.


PORTINARI, Cândido. Obra: Faiscadores de ouro (1938)


Ciclo do Algodão (1750 – 1900)

O algodão, que ficou na época conhecido como ouro branco, passou a ser o principal produto de exportação após a crise do ciclo do ouro. Durante a Revolução Industrial, principalmente na Inglaterra, houve uma grande necessidade de aumentar a obtenção de matéria prima para a indústria têxtil, passando o algodão a ter um papel de suma importância para a economia do país. Perdurou como principal exportação até a primeira metade de 1800, perdendo espaço para o café.



PORTINARI, Cândido. Obra: Colheita do algodão (1937)


Ciclo do Café (1750 – 1930)

Logo após o ciclo do algodão, temos um dos principais ciclos econômicos do Brasil, o café. Este ficou conhecido como o ‘ouro verde’. Este passou a ser o principal produto de exportação assim que as primeiras mudas chegaram ao Brasil, por volta do século XVIII, mas alcançou seu auge durante o século XIX. Os principais locais de cultivo foram o oeste paulista, a região do Vale do Paraíba e o norte do Paraná, uma vez que tinham terra roxa, solo bastante favorável para o plantio.


PORTINARI, Cândido. Obra: Café (1935)


Ciclo da Borracha (1866 – 1945)

O ciclo da borracha foi desenvolvido principalmente nas cidades de Manaus, Porto Velho e Belém, na região norte do país. O Látex era o principal produto de exportação entre os anos de 1866 a 1945, usado para a produção de borracha. Foram duas fases, a primeira entre 1866 e 1912, e a segunda entre 1942 e 1945. Vale ressaltar que, a segunda fase ocorreu durante a segunda guerra mundial, suprindo a demanda de borracha para os Países que estavam em guerra (principalmente para os Estados Unidos da América).



PORTINARI, Cândido. Obra: Seringueiros (1938)


(ADAPTADO) PETRIN, Natália. Ciclos econômicos do Brasil. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/geografia/ciclos-economicos-do-brasil. Acesso em: 15/12/2021; As drogas do sertão. Toda Matéria. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/drogas-do-sertao/. Acesso em: 15/112/2021; PÁDUA, Camila. Arquipélagos econômicos: Os ciclos econômicos e a organização do território brasileiro. Descomplica. Disponível em:https://descomplica.com.br/blog/materiais-de-estudo/geografia/resumo-industrializacao-brasileira/. Acesso em: 15/12/2021.



AVALIAÇÃO:

Diagnóstica, formativa e somativa. Avaliar o desenvolvimento dos trabalhos em sala de aula e no laboratório de informática, verificando o interesse, desempenho e aplicação dos alunos nas atividades.


RESULTADO ESPERADO:


  • Conhecer a biografia de Cândido Portinari;

  • Compreender a importância social das obras de Cândido Portinari;

  • Despertar a curiosidade e o gosto pela arte;

  • Ampliar os conhecimentos gerais dos alunos sobre os temas trabalhados.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


ADORNO, Theodor. Indústria Cultural e Sociedade. 5 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009.

BARBOSA, Ana Mae; CUNHA, Fernanda Pereira (Orgs.) AbordagemTriangular no Ensino das Artes e Culturas Visuais. São Paulo: Cortez, 2012.

GOMBRICH, E. H. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

COLI, Jorge. O que é arte? São Paulo: Brasiliense, 2006. ECO, Umberto. História da Beleza. São Paulo: Record, 2007.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica. Porto Alegre: Zouk Editora, 2012.

BOURDIEU, Pierre; DARBEL, Alain. O amor pela arte: os museus de arte na Europa e seu público. Trad. Guilherme João de Freitas Ferreira. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Zouk, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à práticaeducativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.



AUTORIA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA:


Ana Carolina Gomes Braga

Fernando Oliveira Queiroz Ferreira

Eliane Baltazar

Hugo Henrique Cristiano


Professores da rede estadual de educação de Minas Gerais e discentes da pós graduação (Lato sensu) em Ensino e humanidades - Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) Campus - Passos.



 


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